A publicidade do McDonalds é uma das melhores.
Os sanduíches que são mostrados enchem meus olhos e colocam água na minha boca.
Eles são grandes, bonitos, suculentos e com uma cara de muito, muito, muito
deliciosos. Porém, vira e mexe o McDonalds é criticado porque os sanduíches
mostrados em suas peças publicitárias não são iguais aos que são vendidos nos
restaurantes da rede. Dia desses, o Mc divulgou uma nota explicando o porquê
disso: segundo eles, os sanduíches para propaganda passam por um processo de “maquiagem”
para chamarem mais atenção, e não daria para embelezar um que é feito em menos
de cinco minutos pra chegar até a gente.
Isso reflete muito bem a cristandade
de hoje. Não quero generalizar, mas a maioria esmagadora de nós, cristãos, não é
sincera com Deus, conosco, muito menos com o próximo. Não somos verdadeiros. Somos
sanduíches de fotografia.
Como tal, nos fabricamos apenas para
chamar atenção e disfarçar a realidade. Vivemos de aparência. Montamos uma
personalidade de santidade indestrutível. Vestimos uma máscara de perfeição.
Tentamos passar para os outros a noção de que sempre estamos felizes, de que
tudo está muito bem, obrigado.
Não somos sinceros com Deus pois só
temos coragem de nos aproximar dEle quando nos achamos dignos. Quando não pecamos
“grave”. Como se nossa justiça valesse alguma coisa pra Ele. Humpf.
Não somos sinceros conosco pois simplesmente
não reconhecemos nosso verdadeiro eu. Ainda não oramos como o publicano: “Deus,
tem misericórdia de mim, pecador!”. Preferimos ser o fariseu, mostrando a nossa
cartela de boas obras ao Grande Eu Sou.
E com o próximo, então? A coisa com os outros
seres humanos é ainda mais cheia de maquiagem.
Acabamos nos tornando, então, seres humanos
de mentira. Não temos pecados. Não temos frustrações. Não temos desejos
ilícitos. Não temos fraquezas. Não sentimos inveja. Contamos apenas nossas “lutas”
que nos dignificam. Coisas que vão manchar nossa reputação? Jamais. Histórias
que me farão vulneráveis? Nananinanão. Queremos manter a pose, o status, a
maquiagem e a fotografia. Queremos vender o nosso sanduíche.
Acredito que o pensamento da sociedade contemporânea
é o que nos influencia tanto. Nossa sociedade vive de aparências. As pessoas
precisam demonstrar perfeição para que sejam consideradas bem sucedidas e
felizes. Mas, se não devemos nos conformar com o sistema de pensamento que não
é do Reino (Rm 12:2), porque ainda agimos assim mesmo depois de começarmos a
seguir a Cristo?
Um dos fatores (aquele que enxergo por hora)
é o fato de que a igreja não tem sido um hospital para pecadores. Tem sido um
museu para santos. A religião exige que tenhamos uma perfeição sufocante. As
pessoas são cheias de erros, mas não são compassivas nem tolerantes com os
fracassos dos outros. Não percebemos que estamos todos no mesmo caminho, que
ainda não chegamos ao nosso destino. Se alguém cai, somos os primeiros a
condenar a pessoa, ainda que em pensamento. Dizemos: “mas ele parecia tão bom,
como foi capaz de fazer isso?” ou “me decepcionei com o comportamento de fulano”.
Por causa disso, temos que manter nossa maquiagem para que os outros não vejam quem
realmente somos e, assim, não nos critique ou condene. Somos os santos. Dizer que somos pecadores é
só um jeito de mostrar uma falsa humildade. É parte da maquiagem. Só pra
ninguém achar que somos prepotentes. Se não fosse assim, não teríamos vergonha
de compartilhar nosso verdadeiro eu.
É diferente, porém, quando a gente conversa
com seres humanos de verdade. Eles não têm medo do nosso julgamento. São o que
são e reconhecem que Jesus é compassivo o suficiente para lhes aceitar assim e
trabalhar neles por conta própria. Sabem que ninguém é perfeito ainda e que
todos somos vistos de forma igual por Deus. Eles compartilham seus erros mais
escabrosos e, assim, tiram máscaras em público que, com a maioria de nós, só cairiam
quando estivéssemos sozinhos.
Seres humanos de verdade me encantam. Gente
que é o sanduíche da hora da venda e que não se envergonha disso. Essas pessoas
me inspiram a tentar ser um ser humano de verdade também, a cada dia. Não um
sanduíche de fotografia, nem um ser humano falso, impecável, mas alguém real,
sincero, sem disfarces ou maquiagens. Tenha contato com alguém assim e se
inspire. Você verá como é bom poder conversar com um ser humano de verdade.
Netto Britto.
Nesse tema de 'Fast Food', me lembrei de um post que escrevi em abril deste ano. #GeraçãoFastFood http://compondoletras.blogspot.com.br/2013/04/geracao-fast-food.html
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