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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O HOMEM QUE NÃO DEIXOU A FESTA ACABAR


O pragmatismo é uma doutrina filosófica fundada pelo filósofo e cientista americano Charles Sanders Peirce, que prega que a validade de ideias e teorias depende da aplicação prática dessas em nossas vidas. Essa doutrina encharcou a cultura ocidental: o valor das coisas depende da utilidade que terão para nós. Uma coisa é boa se puder ser transformada em vários produtos diferentes e se cada um desses produtos vender muito. Só faço algo se isso me trouxer resultados rápidos, visíveis e palpáveis.
Essa visão cultural e mundana tem influenciado bastante o pensamento cristão. Principalmente no que diz respeito à vida espiritual. Para muitos, ela tem que ser uma coisa de cara fechada, engessada, com uma seriedade sufocante e resultados práticos e rápidos. Os pequenos grandes prazeres da vida são tidos como inúteis, totalmente dispensáveis, afinal, “não servirão para o meu desenvolvimento espiritual”: ler um bom livro, apreciar a poesia, deixar seu ouvido se deliciar com sons maravilhosos, passar um tempo brincando com uma criança, contemplar o sol, as flores, o campo ou uma pintura, fazer uma festa e se alegrar com os amigos – tudo isso é, muitas vezes, tido como coisas sem valor porque esquecemos que alegrar-se e contemplar o Criador nas coisas simples também faz parte da vida espiritual.
Mas Jesus não pensava assim. Para ele, uma festa era muito importante. Tanto é que seu primeiro milagre foi para impedir que uma festa acabasse antes da hora.
No tempo em que Ele viveu em Israel, uma festa que não tivesse vinho não era tão festa assim, pois o vinho era símbolo de alegria para os judeus. Porém, numa celebração de casamento para a qual Jesus fora convidado, a bebida estava acabando muito cedo, o que era uma tragédia (João 2:1-12). Jesus podia simplesmente dizer: “Ah, isso aqui é uma festa, não tem importância nenhuma. Não vai fazer mal se o vinho acabar agora. Crente que é crente não tem que ficar dando importância para festas! Festas não edificam!”. Mas não. Ele se importou com os noivos, se importou com a festa e transformou água no melhor vinho que os convidados provaram durante o casamento! Abre parênteses: Jesus não fazia milagres para se aparecer. Ele fazia milagres porque se importava com as pessoas. E, dessa forma, mostrava a glória do Pai. O que nós vemos hoje em dia são muitas pessoas – não todas - que fazem milagres para dizer que são poderosas ou que Deus está em determinada igreja. Mas, graças a Deus, ainda existem aqueles que oram para o Pai fazer milagres porque se importam com as pessoas. Fecha parênteses.
Jesus não era pragmático em sua vida. Ele era o tipo de homem que parava para admirar as flores dos campos:

E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; e eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.  (Mateus 6:28-29).

Ele era o tipo de homem que “gastava seu tempo” com crianças:

O povo também estava trazendo criancinhas para que Jesus tocasse nelas. Ao verem isto, os discípulos repreendiam os que as tinham trazido. Mas Jesus chamou a si as crianças e disse: "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas...”  (Lucas 18:15-16, NVI)

Eu gosto muito de como a paráfrase A Mensagem, de Eugene Peterson traduz o fruto do Espírito (a verdadeira vida espiritual):

“Mas vamos falar da vida com Deus. O que acontece quando vivemos no caminho de Deus? Deus faz surgir dons em nós, como frutas que nascem num pomar: afeição pelos outros, uma vida cheia de exuberância, serenidade, disposição de comemorar a vida, um senso de compaixão no íntimo e a convicção de que há algo de sagrado em toda a criação e nas pessoas. Nós nos entregamos de coração a compromissos que realmente importam, sem precisar forçar a barra, e nos tornamos capazes de organizar e direcionar sabiamente nossas habilidades” (Gálatas 5:22-23, AM).


Não se amolde ao padrão do mundo (Romanos 12:2)! O valor das coisas não está na utilidade que elas terão, mas está no fato de que são bênçãos do Criador para nós! Não despreze as coisas simples! Faça com que as coisas simples e aparentemente inúteis sejam uma parte importante de sua vida! Abandone o pragmatismo e deixe Jesus transformar a sua água em vinho!


Netto Britto.

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